Editorial
Outubro é mês das crianças, professores e poetas. No Brasil as
crianças continuam exercendo o trabalho escravo nas ruas das cidades, os
professores permanecem na luta para reivindicar um salário mais justo e os
poetas continuam sem remuneração pelo seu trabalho. A profissão do escritor não
é reconhecida em nosso País.
Indulgência ver nossas crianças no
abandono, nas ruas, pedindo esmolas, sendo manipuladas por adultos, roubando,
fumando, cheirando cola e se prostituindo por um prato de comida. O seu futuro,
uma incógnita. O trabalho escravo com as crianças diminui, mas ainda se tem
muito a fazer para que elas possam ter uma vida digna.
Triste ver os professores tratados com
tanto descaso pelos governantes, com um salário que causa indignidade a todos.
Mais probo é a remuneração dos educadores que exercem suas funções no sertão,
nas pequenas cidades, vilas e aldeias. Desdouro é pouco para designar o
ganha-pão desses profissionais.
Funesto é ver os escritores sem profissão
reconhecida. Descaso total àqueles que fazem o uso da palavra. O salário é uma
metáfora nos bolsos dos autores. O holerite é um sinônimo sem tradução para a
categoria. Aposentar-se como escritor é uma ficção. Utopia é quando os escritoeres
prestam um serviço e são remunerados, os recibos emitidos como palestrante, conferencista, etc. e ainda pagam
impostos e INSS pelo trabalho que não é reconhecido por Lei. Vergonhoso e
indigno - isto é pouco, pois não existem palavras para se dizer diante tal
melindre.
Em outubro, também,
teremos o segundo turno das eleições para eleger os nossos governantes.
Esperamos os que forem escolhidos para trabalhar pelo povo e pela nossa pátria
não façam das suas promessas uma metáfora. Almejamos que cumpram seu trabalho
com dignidade e façam algo para que nossas crianças, professores, escritores e
brasileiros possam, enfim, ter uma vida
mais digna.