Poderia
parecer sediço ou, quando não, assunto sem importância para as letras
nacionais, deitar-se alguém às teclas digitalísticas deste novo instrumento de
comunicação humana, para falar, ou melhor, para escrever sobre poesia e ou
poetas interioranos.
Mas
não ? Acho e estou convicto de que a personagem cultural literária conhecida
nos meios livresco e jornalístico da nação de Poesia, produzida em apreciável
escala e com especial carinho nos cafundós interioranos, ?uma grande
desconhecida, ?como se fosse uma linda menina cabocla morando em rancho de sap?
?beira de um caminho tortuoso e difícil, por onde s?passam carroças,
carros-de-boi, muares feios e cansados sustendo a forquilha de umas pernas
sertanejas desengonçadas e finas. Carreguei nas tintas um pouco, pois a coisa ?
assim mesmo: a Poesia do sertão, quero dizer interior, ?moça enjeitada,
desconhecida, tristemente ignorada pela literatura nacional, onde s?e sempre,
pontificam os cobras das capitais,?
bafejados pela aura da fama levada aos quatro ventos pela imprensa,
pelas editoras, pelas bibliotecas, pelas revistas, não sei bem se motivado isso
tudo pelas possibilidades financeiras mais provavelmente retornativas, ou se
por ignorância mesmo dessa fantástica poesia singela, sólida, viva e
maravilhosa que se perde pelo interior a dentro e se esconde humilde, mas bela
, dos olhos lítero-artísticos das grandes capitais, abertos apenas para o que
vêem perto e ao alcance de sua miopia investigativa.
Sou
piracicabano, nascido por entre florestas e cafezais, formação cultural no
recesso de um seminário vocacional para o sacerdócio, cuja vocação,
entretanto,?gorou,?embora não tenha gorado a cultura l?
recebida de sacerdotes altamente preparados, em ciências, em religião, em filosofia,
em teologia. E na bagagem dos ensinamentos recebidos trouxe para a paisagem de
um mundo muito diferente porque agnóstico e pouco dado ?F?- trouxe a querida
Poesia, companheira inseparável da vida,?
quer na luta, quer na vitória, quer no campo, quer na cidade, quer na
juventude, quer na velhice. Caminhamos de mãos dadas, num perpétuo namoro,
devassando as belezas das paisagens humanas, dialogando sobre os encantos e os
sonhos, unindo-nos para produzir rimas e estrofes, poemas e sonetos, ao estilo
do tempo e ao gosto do povo, chegando a dar-lhe de presente milhares de poesias,
colocadas no tesouro de sete livros, cada qual de mais de 250 páginas, onde eu
?e a companheira Poesia ?rimos, choramos, alegramo-nos, entristecemo-nos,
cantamos e silenciamos, rimando a vida, metrificando os sonhos, oferecendo
belezas e lamentando as dificuldades que estão sempre a caminhar diante ou ao
lado de nós, viajantes inarredáveis do país da arte, da cultura, do saber, do
ensinar, do gritar, do calar.
Continuando
a identificar a Piracicaba poetisa,?
quase mensalmente ou semanalmente quase, vejo vir a lume livros, livros
de poesia, livros de crônicas, numa sinfonia mozartina de arte e cultura
profundas e sublimes, enriquecendo tais acervos o tesouro?local e nacional, mostrando sem rebuços que
a Poesia floresce, não s?por estas paragens artísticas, mas por todas elas do
interior paulista, onde deve acontecer o mesmo fenômeno cultural; floresce como
grandes jardins coloridos de rosas e jasmins, ricos de amor ?arte e às belezas
dos tropos literários.
?
uma pletora de poetas, masculinos e femininos, uma produção cerrada de versos e
poemas,??a maravilha da Poesia que se
manifesta, incondicionalmente, para voar, não apenas sobre os céus
piracicabanos, mas pela vastidão do infinito pátrio, para alcançar almas e
corações que ainda respeitam amam e compreendem, a grandeza dessa manifestação
do intelecto humano. Mas, qual. Todo esse mover de sonhos e realidades, de
rimas ou versos brancos, ?não
alça vôo e não passa além da insipidez das brancas paredes onde se realiza o
belo e importante ato ou ainda não chega at?a periferia da própria urbe.
Quanto menos aos centros humanos e citadinos das capitais, da grande imprensa,
das inúmeras tevês, para as quais parecem s?existir dois tipos de coisa dignos
de sua missão comunicativa: novela e futebol.
E
nos cafundós do interior, rico de intelectuais, de poetas e poetisas, o
desconhecimento de sua poesia prossegue, embora cada vez mais valiosa, mais
soberba, mas humanizada, mais generosa, mais enriquecida de conceitos profundos
e literários com que ela ?produzida e oferecida ao?povo, e do carinho com que ela ?recolhida no relicário dos
livros, para que mais gente, no futuro,?
tome dela conhecimento, avalize o seu imortal conteúdo, guarde seus
valores imarcessíveis.
Lino
Viti, Príncipe dos Poetas de Piracicaba.